quarta-feira, julho 28, 2004

The eternal sunshine of the spotless mind

Pareceu-me poesia todo o filme.

Desde a beleza do título - repitam, The eternal sunshine of the spotless mind - acho que ainda gosto mais por não o perceber.

Uma síntese, um destilar, de enorme beleza, daqueles que são os desejos, as histórias e os medos de mil pessoas e mil casais.

E tratando de forma original esse tema fascinante da memória, do que somos e do que faz com que possamos ser. Do que escondemos, do que escondemos mais fundo, como as humilhações; do que guardamos, de bom e mau; do que faz as relações e os seus trajectos.

Para além do tratamento da ideia e da qualidade do texto (este Kaufmann é um génio), quis o senhor realizador dar-nos imagem e fotografia límpidas, elucidativas, doces, novas para mim, contemporâneas e, não por último, amarelas. Com duas pessoas deitadas num lago gelado, uma casa que desvanece à nossa frente, uma camisola laranja.

Se o filme acabasse dez minutos antes, quando, logo após a última memória começar a desmoronar-se, nos fazem regressar à estação de comboio, teria a beleza de evitar explicações excessivas. Teria ainda a vantagem de não permitir que o herói ficasse com a míuda e o dinheiro, com tudo, como sabemos que não acontece na vida real. Por outras palavras, o casal ficaria novamente junto, mas não se lembraria do passado, pagando assim o preço de ter tomado a decisão de se "apagar".
Afinal, temos ainda mais uns minutos em que o trama secundário da Kirsten Dunst permite que as personagens recuperem as suas memórias.
Dei assim por mim a preferir a primeira solução; depois apercebi-me que aquele pormenor, que retira simplicidade ao final, acrescenta às decisões a importante característica da honestidade, do esclarecimento.
A escolha de (re)começo é uma escolha consciente, que conhece as revelações terríveis que ambos fazem, que antecipa problemas e que aceita o preço da escolha.

E ainda tive as sensações-bónus de ver o filme provavelmente no seu último dia de exibição no Porto, um presente conseguido.
E de receber a visão, que estava totalmente fora do meu mapa mental mediterrânico, da neve na praia.



quinta-feira, julho 08, 2004

Shrek 2

Grande desilusão...

Entretanto, tivémos o euro e as bandeiras, o Sr. José Barrosos na Comissão, o Dr. Santana a PM, o PR a "ouvir" toda a gente (não percebo porque é que não chamou o General Vasco Gonçalves... quais são os critérios?), etc, etc.

Foi pena.

O Shrek ter perdido muita da sua magia...